terça-feira, outubro 20, 2009

O competidor

Ele só pensa em ganhar. A vida é um tabuleiro de xadrez. Cada movimento é uma pequena vitória. Ele quer ser o melhor em tudo. Em tudo que há, ele só vê competição, disputa, derrotados e vencedores. E ele quer estar do lado dos vencedores, sempre. Ele não aceita a derrota. Para ele, o melhor, só a vitória é justa. Ele não sabe que a vitória não dura para sempre, assim como a derrota. Que o lado bom da derrota é isso. Que o lado ruim da vitória é isso.
Ele não abraça, nem é abraçado. Ele não revela medos, nem sentimentos.
Ele não compreende nada da vida e nem precisa. Ele só precisa vencer para estar bem consigo mesmo. Aquilo em que não consegue ser bom, simplesmente negligencia, deixa de lado.
Entre os amigos ele quer ser o melhor. Ele diz fazer sucesso com as meninas, ser o craque do time e ter o respeito dos mais velhos. O que todos não sabem é que ele vive atormentado por si mesmo. Entretido com seu reduzido jogo de cartas, ele não consegue enxergar nada além. Talvez ele só precise desse jogo. E mais um. Ele só precisa vencer para afirmar para si mesmo o seu valor. O certo é que ele não se conhece, não encontrou o seu valor, precisa de outros para afirmar a si mesmo pois, para ele, só a vitória afirma o ser humano. Melhor: só a superação de outro.
Ele não reconhece o mérito de ninguém mais. Todos são ruins ou deram sorte. Só ele vence por ser o melhor.
É ele quem manda, ele foi treinado para isso. Ele é o alfa. Nunca o ômega.
Em sua vida, ele termina sozinho. Como sempre foi. Afinal, no lugar mais alto do pódio só cabe um.

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